< O Objeto de Estudo da Educação Física


O Objeto de Estudo da Educação Física
LITERATURA DE CORDEL

Autor: Matheus Brasileiro Diniz João Pessoa, 09 e 10 de fevereiro de 2021. Cordel premiado em 2021 pela Lei de Incentivo à Cultura

A escola tem papel De formar um cidadão Para um mundo que é cruel, Que nos dá tapa sem mão, E na raíz d’um problema Não esconde o seu lema: “Viva a exploração”. Ou escravidão também, Aqui não há moralismo, Ao disfarçar uma ideia No tal do “liberalismo” Em que o povo é ordeiro E vive num cativeiro Chamado capitalismo. O desafio, evidente, É preciso que pensemos Como está organizado O mundo em que vivemos Para então poder traçar Os planos pra o melhorar, Aqui os discutiremos. Ensinar uma disciplina Na escola é importante, Entender o para que Em suma é uma constante, A ideia é humanizar Pra o aluno não tornar Indivíduo ignorante. 1 E por isso é relevante Pregar educação física Na verdade, também é Uma forma pura e rica De elevar a consciência Que envolve a ciência, De maneira pluralística, Pois se isto não houver Estamos a descartar Patrimônio que é histórico E então desumanizar. O que fora construído Deverá ser incluído Para a escola ensinar. Porém, todo o conteúdo Não pode ser o banal, Não deve ser incutido Numa lógica formal, É preciso a dialética Superando a estética Do qu'é unilateral: 2 O ensino alienado, Escasso, residual, Que entende a escola Escrava do capital, E por isso a proposta De ensino nossa é oposta Ela é omnilateral. Pois não dá pra separar Ensino e vida concreta, É preciso que a aula Seja clara, bem direta Superando em demasia O mundo da fantasia Que o sistema acarreta. É por isso que nós temos Que propor uma ação Para dentro da escola Com princípios de antemão. É preciso ter um lado De qual você tem estado? Qual sua concepção? De sociedade injusta? Cruel, que é desigual? Que eleva o melhor, Rebaixa quem é normal? Se pararmos pra pensar Dessa forma a aula irá Reiterar o capital... 3 O mais forte, o mais veloz, Mais ágil e capacitado, Exigências que na aula Reproduzem o legado E em nossa sociedade Fomentam desigualdade De um povo mitigado. De outro lado, porém Rumo outra concepção Em que solidariedade Faz parte da construção De um projeto social A buscar por ser igual Encaminha a solução. Desse modo o professor Poderá na sua fala, Seja prática na quadra Ou até dentro da sala Desenvolver uma ação, Tais princípios poderão Melhorar a nossa aula: De pensar em ajudar De ser gentil, de cuidar De fazer o jogo limpo Não querer o outro matar, Entender nesse convívio Uma chance, um alívio, Não se desumanizar. 4 Que driblar é até bonito, E do futebol faz parte. A finta no handebol É bela obra de arte, Mas o que vem em seguida Não é ponto de partida Pra que gere um aparte. Entender que pra ganhar, O outro tem que perder, No esporte isso faz parte, É preciso entender. É nessa contradição Que poderemos então A vida compreender. Pois há momento na vida Que estamos a perder, A tristeza que vivemos Nos faz até esquecer Que tudo é passageiro E no momento certeiro Voltaremos a vencer. Entender que lá nas lutas Não é fim a intenção De se machucar o outro, Só querer meter a mão, É preciso explicar Que o sentido de lutar É gerar reflexão. E muitos até perguntam: Pra que a luta ensinar? Respondo: esse conteúdo É histórico, vai negar? É preciso entender As marcas do nosso ser Não se podem apagar. 5 Pois o mundo pode ser Bonito, pacificado, As lutas que já vivemos São parte de um passado, Nós devemos aprender Lutar é o puro viver, O tempo tem ensinado! A ginástica é “mãe”, É parte desse legado, Lá na Grécia surgiu, Usada pelo soldado, Das escolas europeias Vieram muitas ideias Do que hoje está formado. E no conteúdo dança Poderemos explicar Que a vida é mais leve Quando se põe a bailar, Na ciranda a diversão Era dançar a canção Ouvindo as ondas do mar. Outra dança era alívio Daquele (a) que trabalhava Retirando a amêndoa Do coco que se quebrava, O ritmo que se batia “Coco de Roda” surgia, Expressão que se formava. A dança podia ser Expressão pra disfarçar, Na senzala era comum Pra o capanga não notar A verdadeira intenção: Dar a benção sem perdão, Na capoeira matar. 6 O frevo, maracatu, Axé, samba e forró, Quadrilha e o caboclinho, Tem também o carimbó, Na dança contemporânea Temos uma coletânea, Não explicam por si só. É preciso o professor, Com a sua formação, Entender que o conteúdo É parte da construção Do ser que é social E aquilo que é cultural Precisa de explicação. Porém nós temos que ter Cuidado ao planejar, Certo tipo de balela Na escola não deve entrar, Tudo aquilo que é banal Que difama e faz mal Não se pode dar lugar. Ainda temos os jogos, São muitos, um arsenal, Partem de uma vivência Do acúmulo cultural, Completam o que chamamos O todo que nomeamos De “cultura corporal”... Que na educação física É o principal intento, Não é o corpo humano Nem mesmo o movimento, A cultura corporal É conceito universal, A gerir o planejamento 7 É nesta concepção Que a classe trabalhadora Deve ser orientada Pra superar a opressora Ensinando com coragem Essa nossa abordagem: A crítico-superadora. Mas é justo entender Que para poder superar Aquilo que já criamos, Deveremos estudar. O saber que é essencial Vem da prática social, É preciso incorporar. Ensinando os conteúdos De forma a resgatar O que o homem construiu, Que não podemos negar, Construindo a consciência Utilizando a ciência Pra poder humanizar. E assim relacionar Com nossa realidade Para poder explicar A dada sociedade: Superar aparência, Pois a verdadeira essência Não nos contam nem metade. Todos estes elementos Deverão ser incluídos De maneira bem pensada E serem bem entendidos Para poder explicar Onde nós fomos parar Ante os temas já vividos. Então nós só poderemos Quem sabe nos libertar Quando um dia afinal Conseguirmos dominar Aquilo que os dominantes Nos negam a todo instante Para o osso não largar. 8 - FIM -

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